quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Testamento

Vou morrer como canção
Como arte, como verso
Reticente e disperso
Ponto de exclamação
Então!

Morrerei na poesia
Naquela parte vazia
No nada que se anuncia
Entre uma e outra estrofe
Que sorte!

Num cordel, em corda bamba
Minha morte é aguardente
É luta, é povo, é semente
Um poema no caderno
Eterno!

Quero a morte bem assim
Como o gole de cachaça
Morrer sem choro, nem vela
Pitando minha aquarela
Arrepiando a desgraça
De graça!

E quando encontrar a terra
Ei de deixar meu resquício
Em paz, em riso, em guerra
Calando qualquer suplício
E vício!

Quero o fim como oração
Na terra e no seu cio
Quebrando métrica e rima
Como uma obra-prima
Ou verso que alforrio
E crio!

E assim eu quero o fim
Na saliva da cantiga
Vivendo a palavra amiga
Que transcende esse descrer
Viver!

É no vazio sem rima
Que enganarei a morte
Vivendo com minha sina
De ser fraco e de ser forte
Sem norte!

E morto viverei arte
Vou ser eterno na parte
Da tristeza e da alegria
Vou rimar e desrimar
E sempre ressuscitar
Nas asas da poesia

(Minha morte é noite
E dia!)

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Epílogo

Lá vai o poeta 
Precioso
Ocioso
Marginal

Um verso despedaçado
Pó ético
Ex-tático
Estético
Final

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Oração

Vem Madrugada
Tu não és de nada
Saia da espera
Venha ao combate
Cubra-me de porrada
Salte como fera
Leve-me a nocaute
Dê sua cambalhota
Soque minha face
Venha até aqui
Mostre-me a derrota
Siga sua rota
E deixe-me dormir

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Prioridade

Estava com muita fome, resolveu então que iria ao shopping comprar pão.

Voltou com dois pares de tênis, uma blusa, três bonés e aquela estranha sensação de que havia esquecido algo.

Cão sem dono

Down tônico
Cão sem dono
Lambendo minhas feridas
Mal curadas
Do abandono

Descolorido platonismo
Amizades não contínuas
Nuvens de saudades do que nunca aconteceu

Só vejo preto e branco
E sinto cheiro de tudo
Nesse nada que arrebata
Meu focinho abandonado

E fico aqui
Salivando solidão
Com o rabo entre as patas
Latindo para a lua: "Down, down, donw"

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Ironia

Plantou poesia
Colheu poesia
Comeu poesia
Mas ela vazia
Nada dizia

E ele com fome
Morreu outro dia


Triste ironia 

Ela e Adão

Cala a fala
Grita o falo
E ela padece
Em prece
Falece
E desce
Aos pés
do juíz

Ele
Macho
Bicho
Baixo
Infeliz

Que ladra
E morde
Que fala
Com falo
E fode
Como quer
Como quis

Gotas de sangue
Flor-de-lis

Pedras que rolam - Epitáfio

Antes Blues
Rock não mais
Aqui jazz
Aqui jaz

domingo, 6 de novembro de 2011

Perecível

Sei, sou piegas
Escrevo poesias
Faço canções
Amo

Reclamo
Sofro, choro
Sorrio, levanto
Luto

Fico puto
Grito e sussurro
Pinto e repinto
Sinto

Sinto muito
Sou demodé

Sei, sou piegas
Ouso viver

Em algum ônibus circulando por aí...

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A labirintite político-ideológica, o violão e uma fábula partidária



Adoro tocar violão! Devo confessar que não sei fazer isso muito bem. Não sou um exímio músico, mas me esforço e quem sabe qualquer dia desses eu toco um sambinha para vocês. Agora mesmo estou tentando aprender aquela música que diz assim: “você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão”... é música legal, ritmo bom, letrinha com uma dorzinha de cotovelo como tem que ser... mas fico me perguntado aqui: Que mão será essa ein? A esquerda ou a direita?

Atrevo-me a pensar que para muita gente essa não é mais uma pergunta fácil... saber que mão boba é essa tem sido uma tarefa que exige cada vez mais malemolência, dada a rapidez da dança das cadeiras entre os que choram e aqueles que cantam aos quatro ventos festejando o "teu sofrer, o teu penar".

E aí, a esquerda ou a direita? Pergunto-me lembrando do tempo em que as pessoas acreditavam que o lado esquerdo ficava do lado esquerdo e o lado direito, pasmem, do lado direito! Há quem grite de fina força que não mais é assim. Embora eu duvide muito, aceito que o caleidoscópio da liquidez atual possa está desafinando a cuíca do pessoal, fazendo todos se perguntarem, mesmo silenciosamente: "De que lado você samba?".

No samba-do-crioulo-doido da política nem se fala! Crise de fé, pós-materialismo, pelegagem explícita, tem adjetivos para todos os gostos e lados para a metamorfose sofrida sob desculpa da governabilidade. Vou chamar de "labirintite político-ideológica", fenômeno que faz cambalear discursos e práticas, sejam elas estrelares e encarnadas com camisetas da FIEC e bonés do MST ou da tucanagem com bandeira do GreePeace e motosserras na mão. E aí, a esquerda ou a direita?

Ah, a esquerda! O problemático lado esquerdo. Eu que sempre fui canhoto, tive muita dificuldade na escola, quase não haviam cadeiras específicas para os sinistros que nem eu. Vez por outra tive que me adaptar, juntar duas cadeiras, entortar um pouco o meu corpo... acho que é o que esse pessoal engravatado com bóton vermelho no paletó chama hoje de “concessão devido a conjuntura”.

Como é difícil fazer tudo com a esquerda! Quando comecei a aprender a tocar violão foi complicado, tive que tocar com a mão direita, isto é, da forma mais convencional. Não conhecia ninguém que soubesse do lado oposto e fui treinar pelas revistinhas que comprava com as cifras das músicas . Deve ser por isso que não sei tocar bem nesse método até hoje, além do que, como dizem os mais experientes, tocar baseado em cifras vicia, esse pessoal de boina na cabeça e maletas nas mãos sabem disso como ninguém, claro, com outras cifras e em outro contexto.

O fato é que minha vida foi assim: sempre escrevi com a esquerda, mas tocar só aprendi com a direita. Felizmente, para mim enquanto sujeito político, estou falando apenas do violão. Infelizmente, para mim enquanto brasileiro, a analogia cabe bem aos sujeitos de um certo partido com labirintite político-ideológica que também sempre escreveram com a esquerda, mas agora só tocam com a direita, ouso dizer que viraram ambidestros e olhe lá se a mão canhota não atrofiar.

Vai um sambinha aí?

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Um ano de Nofiapo!

Aniversário

Um ano, doze meses, trezentos e sessenta e cinco dias
Números que nãos cabem nesses versos
Nem preenchem meu coração
Wescley


Por um acaso percebi que esse blog faz um ano. Um ano de real utilização. Mesmo que os últimos tempos tenham sido de marasmo, aqui eu pude transpirar angustias, desabafos, fantasias, imaginações, invenções. Aqui me expus, enganei, brinquei, provoquei. Conheci pessoas e fiquei conhecido. As palavras saíram daqui e foram para monografias, para os ônibus e irão para os livros.

Por diversas questões só fui me encantar com as letras há muito pouco tempo. Isso me faz ter plena consciência das minhas limitações como escritor, porém também tenho total clareza de meu potencial.

É indescritível a sensação de ser lido. De emocionar alguém, de fazer alguém pensar e estimular a fazer algo.  Pessoas que gostam da gente rindo, chorando, se reconhecendo e nos reconhecendo nos textos. Pessoas que não conhecemos sentindo igual sensação, isso é surreal, é dívino! Não sei se foram muitos, mas sei que existiram os que gostaram, marejaram os olhos e se inspiraram com esses rabiscos aqui. Isso valeu a pena.

Sempre escrevi sem pensar nas consequências, sem pensar em resultados, mas me concentrando nas causas, no exercício em si. Percebo que muito mais do que ser escritor, muitas vezes muitos querem e tem de parecerem escritores, isso pra mim é difícil. Quero muito mais ser do que parecer.

Embora adore o reconhecimento, sempre desconfio dele, defeito meu. Não me sinto a vontade com a sacralização que a arte tende a transparecer. Sou meio tímido, quase antíssocial com pessoas não próximas. Aqui é meio um refúgio e eu agradeço a todos e todas que leem, admiram, propagam e me estimulam a continuar!

Agradeço as milhares (sim, milhares!) de pessoas que por aqui passaram, que espalharam meus textos pelas redes sociais e agradeço principalmente aos cativos, os poucos, mas valiosos que sempre estão aqui, os que tive a oportunidade de conhecer e os que ainda não.

Continuem aqui comigo e daqui há algumas décadas, quando minha escrita estiver bem melhor, vocês também serão responsáveis por isso. É interessante passar a vista nesse blog e ver a diversidade de ideias que nele depositei, coisas sobre mim e coisas que apenas inventei, coisas difíceis de escrever e textos que fluíram muito rapidamente. Algumas coisas muito boas, outras imperfeitas, cheias de errinhos, mas com a característica de rascunho que esse blog tem pra mim.

Fico aqui esperando que essa crise de abstinência de escrita acabe e eu volte a fazer versinhos e continhos que possam alimentar o Fiapo tênue que vocês que leem com tanto carinho.   

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Agora, de brincadeira, vou fazer uma lista dos textos que de alguma maneira são destaques pra mim. Separei 25 e foi difícil escolher oh, não são exatamente os melhores ou dentro de uma ordem exata,  mas estão aí. Desconsiderem também os erros de português e de digitação abaixo, fiz meio apressado, hehehe


1 - 19 de abril, palhaços, lágrimas, sorrisos e poesias

Daqui, o texto foi parar em diversas listas de e-mails e no Site do Sindicato dos Docentes da Universidade Estadual do Ceará. Muito gente leu, gostou, se emocionou. Ver minha companheira chorando lendo isso foi uma imagem marcante em minha vida. Escrevi esse texto meio instintivamente. No dia do meu aniversário, pensando na vida, meio cabisbaixo. Foi sem dúvidas o texto mais difícil de escrever e mais ainda de postar. É difícil se expor assim, inventar é mais fácil.




O texto mais lindo do Blog, campeão de goleada. E foi um dos primeiros escritos. Em qualidade literária não é nem de longe o de mais qualidade, mas tem um valor enorme, sobretudo para aquelas que são tão rebeldes quanto aqueles versos.


3- Soneto da Gratidão

O segundo texto que escrevi quando reabri o blog. Acho que postei depois. É uma homenagem. É difícil fazer sonetos, esse está quase perfeito do ponto de vista da métrica. Os versos estão lindos, me orgulho desse poema, acho que foi um agradecimento quase a altura.

4- O Bar Escritor

Texto em Prosa. Um dos melhores do blog, senão o melhor (é difícil escolher). É o tipo de texto que eu releio e não tenho vontade de reescrever, hehehe. Vai está numa publicação brevemente.


5- Metrô-Politana

Uma poesia que em sua simplicidade já diz tudo. Até eu duvido que fui eu quem fiz, hehehe.


6- Campo

Uma poesia triste, indignada e muito sincera. Lembro que escrevi na raiva e revolta de Belo Monte, Código Florestal e assassinato de Zé Claudio e sua esposa. No início o nome seria “Pará”, depois os versos ganharam outro corpo.


7- Manifesto

Simples e direto, como tem que ser. Talvez seja hoje o texto mais lido, pois foi vencedor do concurso Viagens Poéticas e está correndo a cidade espalhado pelos ônibus de Fortaleza. Em breve estará em uma ou duas publicações. É muito doido pensar que agora tem dezenas de pessoas lendo esses versos, tendo diversas reações, desde a indiferença até uma inspiração para superar as dores cotidianas.


8- O Vagão Anil

Um dia uma grande amiga me contou uma historia e eu fiquei pensando “poxa, isso dá um conto”. Muito tempo depois resolvi escrever algo baseado naquilo. É um texto denso, em prosa e longo. Foi difícil e divertido de escrever, porque eu me vesti de um personagem , construí sua identidade e fui escrever como ele, um exercício interessante. É um texto homenagem também.


9- Nova Lisboa

Uma poesia sobre Fortaleza. Gostei muito do resultado, sem muitas explicações, não gosto de explicar poesia, hehehe.



10- Migalhas

Uma poesia que não teve lá muito destaque. Eu adoro, diz muito, não diz nada, afinal são migalhas...



11- Aos Companheiros

Palavras cheias de emoção e sinceridade. Espalhou-se em sites, jornaizinhos, saraus. Diz muito do que sinto pelos companheiros e companheiras de luta que tive a honra de conhecer.



12- A Fuga

Prosa pesada, pequena, densa, real. Gosto desse.



13- O Ateu Errante

Iniciei o texto juntando fragmentos de outras coisas incompletas e saiu uma prosa poética que é quase a descrição desse Blog.



14- Recital urbano

Pequenininho, já pensei em tatuá-lo.



15- Primeiro Ato – O Bilhete

Primeiro ( nem sei se é) de uma série que AINDA não terminei, tava ficando legal, mas nem eu sei onde queria chegar, um dia termino.



16- Vale de Sangue

Um soneto imperfeito, tão qual as relações construídas no Vale do Jaguaribe, de onde vim.



17- Via Sacra

Gosto desse. Pelo conteúdo e pelo estilo



18- Ontem bati o carro e li um livro

Tom Zé disse uma vez que quando você perde o medo do palco, você vira um senhor do palco. Esse foi o primeiro texto que eu postei. Um desabafo, apenas isso. Mas ver gente que tem os mesmos pequenos grandes problemas se emocionando e se reconhecendo no texto acabou me estimulando a escrever, me senti corajoso ao expor isso.



19 – Belo Monte

Poesia muito lida, propagada, foi usada em atos. Atual, uma denúncia.



20- O Soneto da Barbárie

Um dos primeiros textos e um dos mais lidos. Questões que martelavam e martelam na minha cabeça.



21- Segundo Manifesto Momintiriano

Nonsense , provocador, humorístico, dadaístico, hehehe.



22- O Parto

Escrever é isso. Muita gente gostou desse também.



23- Não vou cantar só

A primeira musiquinha a gente nunca esquece, hehehe;



24- Elas, duas

Bom, gosto dessa daqui.

25- Pauperização

Brincando com as palavras, escrevendo pouco e tentando dizer muito


Wescley

Aniversário

Um ano, 
doze meses, 
trezentos e sessenta e cinco voltas
Uma grande rotação
Números que nãos cabem nesses versos
Nem preenchem meu coração
                                                   

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

“Ócio forçado e não criativo”


-Você está trabalhando? - perguntou o curioso

- No momento estou fazendo uma observação participante no Desemprego Estrutural – respondeu o Assistente Social recém-formado.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Ausência, ócio não-criativo, volta e Viagens Poéticas

Existe aqui muita poeira, uma vassoura jogada de lado e muita preguiça para usá-la.

Um desligamento súbito do cérebro ainda não contornado, uma boa dose de desânimo, um pouco de liseira e uma fatia de ócio não-criativo são ingredientes para o abandono temporário desse espaço.

Esse marasmo não data para acabar e pode acontecer a qualquer momento. No entanto, aviso-lhes que a leitura, dicas e críticas são sempre bem vindas, assim como uma cerveja gelada.

A novidade é que mesmo quando eu resolvo não escrever (não é bem uma decisão, mas eis-me aqui assumindo essa culpa) vocês não vão livrarem-se desses fiapos tortuosos despretensiosos e caóticos tão facilmente.

Eu fui um dos agraciados no concurso de poesia VIAGENS POÉTICAS (muito obrigado quem torceu), então cuidado, você poderá entrar num ônibus aqui em Fortaleza e se deparar com um poeminha curto de minha autoria (se isso acontecer me conte, eu também quero ver e fotografar). Além disso, terá a oportunidade de comprar uma Antologia desse concurso em breve.

E tem mais: Em breve outros textos meus estarão em outra coletânea, mas isso eu só conto depois...

No mais, ficamos aqui... nos menos... NoFiapo continua aqui e eu volto, hoje, amanhã ou depois... não me matem, nem comemorem muito... leiam, propaguem, sugiram...


(Mais sobre o VIAGENS POÉTICAS - http://www.templodapoesia.org/p/viagens-poeticas.html# )

terça-feira, 26 de julho de 2011

Nova Lisboa

As promessas não cumpridas
A praça da Belle Époque
A mesa do Fafi Bar
A praia do desfuturo
A volta do retirante
Revelam-te:
Falsa, astuta
Quer ser gigante!

É impar,
Quer ser par
Vende-se fácil
Sangra infeliz
E sonha Londres
Pensa Paris
E reza santa
Faz meretriz

Fome de puta
Degusta luta
Em seu desleixe
Come seu peixe
E diz caviar

Para e dispara
Olha no espelho
Não quer sertão
Não pede conselho
Renega o seu mar

Quer ser gigante
Quer ser favela
Fortaleza bela
Só quer inchar

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Não vou cantar só

Tem muita gente
Querendo me dar pitaco
Mandando ser puxa-saco
No meu canto e na canção
Cheio de marra
Desafina meu cavaco
Querendo cantar sozinho
E repetindo seu refrão

Eu canto é junto,
Canta eu e canta tu
Canta vermelho e azul,
Fortalecendo o gogó
Cantando nós,
Num coral de norte a sul
Expulsando os urubus
Do terreiro do forró

Ninguém me obriga,
Canto choro, canto riso
No coco ligeiro e liso
Pois cantar me faz melhor
Pois canto assim
Pra assentar o chão que piso
Canto até de improviso
Mas eu não vou cantar só

Mas eu não vou cantar só
Não não, mas eu não vou cantar só

Vou cantar samba,
Cantar rock, cantar reggae
Vá pro diabo que o carregue
Vou cantar o que eu quiser
Eu canto mangue,
Canto povo, canto plebe
De cantar nada me impede
E assim que vai dar pé


Ninguém me cala,
Nem a rádio, gravadora
Nem jabá, nem emissora
De TV que é pior
Pois não aceito
A palavra ditadora
Seja na bossa ou no rap,
Hoje não vou cantar só

Mas eu não vou cantar só
Não não, mas eu não vou cantar só


* Sem ser músico e sem ter noção de nada gravei aqui no microfone da cam do computador, cantando e batendo nas mãos (hahahahaha) já que não cifrei, nem nada.. Se tiver coragem de conferir, eis aqui http://www.4shared.com/audio/CTdZXg2H/No_vou_cantar_s.html?

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Equação irracional

E o ateu
Viu deus
Chamando
à toa
A Chama
ao teu
triste apogeu:

Bento XVI, calibre 12, PL 122
Algarismos romanos, cardinais, ordinários 
Algo arisco e profano, carnal, desordenado


Maldito 2011
Com tantos números insanos
No divino e desumano 

Na equação da barbárie
Qual o valor de X?

terça-feira, 19 de julho de 2011

Quanto custa?




Naquela prateleira
Os livros tem poesias
As poesias tem sentimentos
E aqueles sentimentos... quanto custam?


Quanto vale a poesia?
Tem desconto, quando à vista?
Tem vantagens quando à prazo?
Sem entrada e sem juros
Sem saída e sem seguro
Congelada, conservada,
Requentada pro jantar
E o prazo de validade
Custa muito pra estragar?


Quanto custa a poesia
Que não tem valor de troca?
Que só serve para o papel
Que vira embrulho de pão
E vai pro lixo depois


Como saber quanto custa
Os sentimentos à granel?
Promovidos no mercado
Líquidos, tão liquidados, 
Todos em liquidação


Quanto custam as palavras?
Sua mente e seu coração?
Não há lucro, não há custo
E como custa perceber
Que ela não pode ter preço
Que a poesia tem valor

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Canto Concreto
Pardal engole a pedra
Foda-se métrica

TCC

Um mês
Sem versos
E alegria

Sentia o peso
Do medo
 Monotonia

Enquanto ela
Sozinha
Se repetia

Mono
Mono
Mono
Grafia

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Apologia


Vivemos ela
Comemos ela
Sentimos fome dela

Não é só tiros, socos e pontapés
É medo, é programa de TV
É mocinho contra bandido
É o soldo da justiça

É o vazio e é o cio
O altar e o mandamento
O pastor que nos ensina:
"Ofereça a outra face"


O tapa na moça
A lição de moral
É piada, brincadeira
É programa de governo

É vitrine, é riso e choro
É o nike por duzentos reais
O lado coca-cola da vida
Com seus sorrisos e cirroses 

É o salário mínimo
É o trabalhador cansado
Se esmurrando com o colega
Por um lugar na condução
É a novela no Leblon e seus dramas
O núcleo pobre sem esgoto a céu aberto
Os gritos da polícia no sortudo jovem negro
Que volta da faculdade

O cassetete certeiro nas costas do militante
A cerca, os muros e a devastação
Os passaportes e os carros fortes
A fome, a sede, a gula

O corredor do hospital
A fila do posto de saúde
A aposentadoria
A escola particular
O lindo carro importado 
Em meio aos miseráveis do sinal

Somos Nós
Vítimas, algozes, cúmplices
Produtos e produtores
Hoje, a violência somos nós


Wescley

sábado, 18 de junho de 2011

Quinto Ato - Brisa Bela



És responsável por secar a tela
Massageando sua pele nela
Eternizando impossível enlace
Brisa passe, bela

E nesse ar em movimento sinto
O sufocar do suspirar distinto
Com sua dança que corre em disfarce
Brisa bela, minto

E te sentir e não poder tocar-te
E não te ver e mesmo assim olhar-te
És a beleza que me toca a face
Leve, breve, arte

                                                          

terça-feira, 7 de junho de 2011

Via Sacra

No Ato
Eu Mato
E temo
O Furo
Seguro
No nada, no tudo, no tarde, no cedo, na dúvida, medo
Tão firme, tão forte,tão vida, tão morte, tão feito, defeito
No Escuro
Me Deito
Condeno
Meu Peito
Ingênuo
No leito
Pequeno
Terreno
De nãos
E o vazio
É Libertação

Wescley P.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Armas Brancas


Sol dado
Vou Ver
Sem ti, dor

domingo, 5 de junho de 2011

Otto


  Ilha
  Porção de Pernambuco
  Cercada de cearenses por todos os lados

                                       Wescley

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Cuba

Por que mandam descrer-te
Se tu és firme e real?
Acredito em ti, ilha guerreira
Duvido é desse mar
Que te envolve, que te sufoca

terça-feira, 24 de maio de 2011

Campo

Não há mais cantigas
Nem fogão a lenha
Nem o assobiar dos pássaros
As cores dissolvem sob o silenciar

O verde acinzenta
O cinza avermelha
E amarela a estrofe
Que sucumbe, ajoelha

Estopins, estilhaços
Por felpas, por galhos
Pergunto-me até quando
Questiono-me atônito

E nesse descampado
O silêncio é quebrado
Por sons de motosserras
Por roncos de máquinas

Vejo tratores e detratores
Penso nas mentes e nas sementes
Olho as tiras e as mentiras
E novamente me pergunto:

Terra, por que és sem lei?




em memória de Dorothy,Zé Maria,Zé Claudio,Rose e tantos outros 




Wescley P.