Vou morrer como canção
Como arte, como verso
Reticente e disperso
Ponto de exclamação
Então!
Morrerei na poesia
Naquela parte vazia
No nada que se anuncia
Entre uma e outra estrofe
Que sorte!
Num cordel, em corda bamba
Minha morte é aguardente
É luta, é povo, é semente
Um poema no caderno
Eterno!
Quero a morte bem assim
Como o gole de cachaça
Morrer sem choro, nem vela
Pitando minha aquarela
Arrepiando a desgraça
De graça!
E quando encontrar a terra
Ei de deixar meu resquício
Em paz, em riso, em guerra
Calando qualquer suplício
E vício!
Quero o fim como oração
Na terra e no seu cio
Quebrando métrica e rima
Como uma obra-prima
Ou verso que alforrio
E crio!
E assim eu quero o fim
Na saliva da cantiga
Vivendo a palavra amiga
Que transcende esse descrer
Viver!
É no vazio sem rima
Que enganarei a morte
Vivendo com minha sina
De ser fraco e de ser forte
Sem norte!
E morto viverei arte
Vou ser eterno na parte
Da tristeza e da alegria
Vou rimar e desrimar
E sempre ressuscitar
Nas asas da poesia
(Minha morte é noite
E dia!)
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