terça-feira, 30 de abril de 2013

Transação


Do solo do salão e do salário
O rosto do roçar resta no rócio
Na sala e no suor do solitário
A transa não é gozo, mas negócio
O ócio é oneroso para o sócio
O selo do consócio é salafrário
Não há prazer, mas peso e um prontuário
Entre aquilo que é preciso e o necessário

O gozo horroroso é puro erário
A transa assediada em sacerdócio
E o dia é debitado num diário
Ocupa o colo oco o dolo ócio
Ainda no ardor de tal aviso
O troco roto de um prejuízo
Que teve em seu transe temporário
Só isso resta no que é preciso
E falta no que é tão necessário

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Procura


Lá está o poeta
Diuturnamente incansável
Procurando seu verso inexorável
Não nas estrelas, não no luar

Lá está o poeta  tentando encontrar
A poesia escondida no mendigo
Que dorme na Praça José de Alencar

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Pós


Um gole de gala
Um galo de briga
Um fole de fala
Um doido que diga
Uma voz vazia:
"Deu enter
Fez poesia"

quarta-feira, 24 de abril de 2013

O CAUSO DE ZÉ FIRMINO


Hoje trago novamente mais um vídeo-exercício  das oficinas Projeto*. A história desse aí foi a seguinte: fizemos o enredo coletivamente em sala, os personagens, o desfecho, depois eu fiz o cordel e filmamos em duas tardes de maneira improvisada. O resultado foi esse aí, bem amador, de brincadeira mesmo, mas não menos divertido, hehehe:



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O CAUSO DE ZÉ FIRMINO


Hoje venho lhe contar
O causo de Zé Firmino
Que era um jovem bom
Honesto desde menino
Mas meteu-se em confusão
E quase que esse refrão
Revira o seu destino

Zé era muito franzino
E sua vida era assim
Do trabalho ia pra aula
Morava no Bom Jardim
Lutava por seu futuro
Sem se meter em apuros
Pra conquistar o seu fim

Mas a vida é assim
É cheia de presepada 
E na vida desse Zé
Uma peça foi pregada
É que o pobre foi parar
Onde não devia está
No lugar e hora errada

Vejam só que emboscada
Escute e Participe
Pois  ao voltar do trabalho
Na Rua Oscar Araripe
Andava tranquilamente
Simpático como sempre
Cumprimentou João Filipe 

Felipe ansioso disse 
“Estava te procurando
Preciso de sua ajuda
Continue caminhado
Mas escute com atenção
O que pedirei então
Pois vou logo lhe explicando”

Meu parceiro João Felipe 
Disse o Zé educado
Por que tá com essa cara
Você está assustado?
E o que tem nessa sacola
Parece fraco da bola
Falando todo acuado”

O tal Felipe enjoado
Respondeu logo depressa
Ômi deixe desse lero
Ora que conversa é essa
Estou aqui na limpeza
A tarde tá uma beleza
Só estou meio com pressa

Continuou a conversa
O João Felipe malaca
Disse tenho uma visita
A uma prima que tá fraca
A bichinha adoentou
Por isso peço um favor 
Pra você que se destaca

É destaque e sempre emplaca
Quando o assunto é bondade
Por isso que eu repito
Que faça essa caridade
De cuidar dessa sacola
Enquanto eu dou o fora
E volto pressa cidade

Zé cheio de amizade
E também de emoção
Mandou o João Felipe
Acabar com o sermão
E ir cuidar de sua prima
Sem saber que essa rima
Causaria confusão

Caminhando sem noção
De onde ele se metia
Foi quando viu uma moça
Com o nome de Maria
Que gritou “minha sacola!”
Agora ninguém me enrola
“Esse ladrão já expia”  

O Zé já sem alegria 
Meteu o Pé na carreira
Com a policia e Maria
Atrás feito estribeira 
Zé se dizia inocente
Pois um cidadão não mente
Nem comete essa besteira

Sem ouvir a choradeira
O guarda corria atrás 
Queria prender o Zé
Não daria trégua mais
Até que o Zé cansou
E chorando se humilhou
Pedindo Acordo de paz

“A justiça julgarás”
Disse a autoridade
Foi quando chegou Maria
E percebeu a maldade
Que fizera com inocente
Que era um rapaz decente
E ia pra trás das grades

Foi na curiosidade
Que percebeu o bandido
Era o tal de João Felipe
Atrás do poste escondido
Aí Maria gritou 
O guarda se apavorou
E correu aborrecido

Correram aborrecidos
O Guarda, Maria e Zé
Pra pegar o João Felipe
Mais o ladrão deu no pé
E ao perceber um muro
Resolver dá logo um pulo
Se safar num cangapé

Ao cair quase de pé
 Surpresa e decepção
Tinha dois policiais
Esperando o ladrão
Percebeu que aquele muro
O deixava em apuros
Era o muro da prisão

A sua desatenção
Deixou a situação feia
Não percebeu que sua fuga
Acabava na cadeia
Agora tava de vez
Morando lá no Xadrez
Com medo do mói de pêia

E o Zé esbadeia
Com a nova companhia
Nosso herói se deu de bem
 Namorando com Maria
Conseguiu felicidade
Com a sua honestidade
Só vive na alegria

Acaba com honraria 
O causo de Zé Firmino
Mas é só mais uma historia
Pra lembrar do desatino
De quem vai pro lado errado
E acaba esfolado
Pelo seu próprio destino

Livre estava Zé Firmino
João Felipe atrás das grades
É assim que terminou
Essa historia de verdade
Pra mostrar pra esse povo
Que quem se ferra de novo 
É quem age com maldade

Por isso que honestidade
Nunca fez mal a ninguém
O Zé lutou pela paz
E nunca enganou também
Sabendo que o bom caminho
Apesar de seus espinhos 
É o caminho do bem. 

Wescley Pinheiro

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* Vídeo realizado como exercício na Oficina de Audiovisual do Projeto Protejo - Núcleo Bom Jardim - Fortaleza-CE Ano 2010 com jovens de 15 a 24 anos daquele bairro. A oficina foi de 8 dias, constava com um panorama dos conceitos básicos do audiovisual, introdução a linguagem, iniciação prática com novas mídias e análise fílmica. A qualidade do vídeo original era muito melhor, mas uma tragédia com o meu computador fez com que eu perdesse os arquivos. Direção e texto foi minha: Wescley Pinheiro. O roteiro e atuação de toda a turma.
O PROTEJO foi um Projeto dentro do PRONASCI do Ministério da Justiça com parceria da Guarda Municipal de Fortaleza, executado junto com o Núcleo de Pesquisas Sociais da UECE do qual fui bolsista.

terça-feira, 23 de abril de 2013

A Coisa


A COISA: “Jovens encontram uma coisa estranha no chão. O que seria?"


Segue agora uma produção momintiriana que quase ninguém conhece. Tirando da gaveta um vídeo realizado como exercício na Oficina de Audiovisual do Projeto Protejo - Núcleo Bom Jardim - Fortaleza-CE Ano 2010 do qual orgulhosamente fiz parte, junto com jovens de 15 a 24 anos daquele bairro. Esse pequeno vídeo é incapaz de mostrar o quão aquela experiência foi desafiadora e importante. Agradeço imensamente ao NUPES pela vivência daquilo tudo.

A oficina foi de uns 8 dias e constava com um mero panorama em conceitos básicos do audiovisual, introdução a linguagem, iniciação prática com novas mídias e análise fílmica. A qualidade do vídeo original era muito melhor, mas uma tragédia com o meu computador fez com que eu perdesse os arquivos.
Direção e edição foi minha: Wescley Pinheiro
O roteiro e atuação de toda a turma.

O PROTEJO foi um Projeto dentro do PRONASCI do Ministério da Justiça com parceria da Guarda Municipal de Fortaleza, executado junto com o Núcleo de Pesquisas Sociais da UECE do qual fui bolsista.







domingo, 14 de abril de 2013

No Fiapo indica: Aperte O Alt!


Olá amigos!
Decidi que abrirei uma seção aqui nesse meu lugarejo virtual para colocar algumas dicas do que leio no ciberespaço. A intenção é trazer para aqueles que não conhecem os divers@s autores de qualidade que temos por aqui e não prestamos atenção. Essa iniciativa visa também dinamizar isso daqui, visto que a correria do dia-dia torna difícil a (já nada fácil) empreitada criativa desse pequeno e iniciante escriba que vos fala tão despretensiosamente.

Sei... não sou um grande escritor, estou aqui exercitando, em formação, brincando, errando e acertando e adoro quando recebo uma boa crítica ou um incentivo, quando divulgam, quando indicam, quando dizem que há algum sentido nisso tudo. Foi assim que me convenceram a escrever.

Sei também que é muito legal ler e compartilhar por aí trechos de noss@s grandes escritores e coisa e tal, mas abrir-se para o novo, para as letras de gente viva, gente do nosso tempo e que pode está do nosso lado pode ser uma experiência incrível! É óbvio também que nessa terra de ninguém e de todo mundo que é a internet tem muita coisa de qualidade duvidosa, mas a intenção é justamente dar vazão ao potencial, ao talento, a qualidade que podemos garimpar por aqui, nessa maneira de fazer arte, de espalhá-la e de buscar um lugar ao sol num tempo e num lugar que, cá pra nós, não valoriza a literatura como deveria.

Dito isso, digo que nessa seção encontrarão autores iniciantes, autores publicados, geniais, outros nem tanto, mas todos com algum talento e, sobretudo, textos que me chamaram atenção em algo, ou seja, um critério mais subjetivo do que técnico (nem tenho competência para tal). 

Inauguro essa seção indicando um blog que conheci há muito tempo, que acompanho com certa frequência e que de certa forma me estimulou a alimentar meu blog de maneira mais séria. O blog que indico hoje já  é consagrado e referência! Falo do “Aperte o Alt” do talentoso Renato Alt que traz (entre outras coisas) pequenos e valiosos textos em prosa que encantam, prendem a atenção e fazem pensar.

Salvo o engano, conheci o “Aperte o Alt” por via de um blog de humor ,o kibeloco.  Com uma referência tão escrachada, entrei de maneira tão despretensiosa, quanto foi minha surpresa com o conteúdo simples e denso que Alt me trazia. Li compulsivamente e tive vontade de escrever também, senti-me estimulado.

Não é por acaso que o blog já ganhou alguns prêmios e é um dos mais visitados do gênero. Renato Alt é versátil, vai da densidade à descrição do cotidiano em seus textos sem nenhum esforço maior. Sua variedade aparece também no contraste de suas temáticas e estilos no blog quando comparadas com as hilárias tiradas nas frases do twitter e facebook.


No limiar da rapidez da vida, sobretudo da internet, acabo não acompanhando tão regularmente os textos, mas sempre que posso volto, descubro e redescubro coisas incríveis.

Por isso indico: leiam o "Aperte o Alt"! http://aperteoalt.com.br

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Bruto



Espectro culto
Especulo o verso astuto

Espetáculo
Simples sepulcro
Um verso, um voto
Um vulto

terça-feira, 2 de abril de 2013

Revolta!


Correram sem direção
Sem sangue nos olhos
Com pedras nas mãos:

“É tara! É tora! É tiro!”
Marcharam... murcharam!
Um belo suspiro
Durou um segundo
Pois não decidiram
Dilema profundo:
"Mudar de emprego
Ou mudar o mundo?"

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Receita


Dentro da gaveta
Trocado por um medo raro
O cara comprou regozijo
Curado de cara e tão caro
Nos dentes de um nobre capeta

Feliz...
Até o último tarja preta!