sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Calendário

Pedaços de passado nos iludem
As tardes são quentes
E despedaçadas

Migalhas de futuro nos confortam
Os dias são raros

E desperdiçados

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Mais uma noite

Em frente aos olhos
Uma janela e o botão verde
Outra janela e o traço azul
Há muitas portas fechadas em meu peito
Com o silêncio dessas letras denunciando tudo
E a solidão gritando sem parar

Na fechadura da mente
A herança de um blog moribundo
Frases tortas perfurando o abismo
A lembrança triste daquele dia e do sofá
E o medo do medo do medo


Não há com quem conversar

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Café

A sensação agridoce da saudade
E o desconcertante gosto da surpresa
Temperaram a xícara de café
Junto com a doce textura do texto
E a fome insaciável do desejo
No banquete deletério da ilusão

E eu que outrora morri de inanição
Já não reclamo de minha própria companhia
E me sacio com doses de solidão

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Angústia

Aqui estrebucha
Um vácuo estranho e gélido
Um buraco que cresce sem parar
No vazio que a incerteza cavou
Grita o oco do mundo
Em mim

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Gotas de resistência

Pelejar nesses tempos arenosos
É um caminhar constante sobre espinhos
Labutar contra seus próprios vacilos
E saltar as esparrelas do mundo
Nesses tempos arenosos
Onde os sonhos estão no volume morto
Onde o luto seca a luta
É difícil não sucumbir
Quando nos querem pedra
Quando nos querem máquina
Querem-nos presos
Querem-nos presas de nós mesmos
Pacificando nossos passos
Apassivando nossos sonhos
Petrificando o horizonte

Pelejamos sobre o chão seco
E o nosso único trunfo
Ainda em tempos arenosos
São os olhos das/dos camaradas
De onde caem gostas de coragem
Olhares que resguardam no fundo
Tempestades de força, um céu de possibilidades
Um mar de ousadia, um solo de fertilidade
Nesses tempos difíceis e arenosos
Basta um olhar para o outro,
Basta uma mão sobre a outra
E as restantes em punho
Para que saciemos nossa sede
De busca por transformação
E possamos semear outro tempo

Tempo de realizar

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Saudade

No riso frouxo e sem sentido
No silêncio que afagava
Na lembrança que aperta
Como o abraço de outrora
No vazio do agora

Moram vocês em mim

Insta

Poesia hoje em dia
São apenas quatro estrofes
Com uma foto de academia
Ou de um prato de strogonoff