terça-feira, 26 de julho de 2011

Nova Lisboa

As promessas não cumpridas
A praça da Belle Époque
A mesa do Fafi Bar
A praia do desfuturo
A volta do retirante
Revelam-te:
Falsa, astuta
Quer ser gigante!

É impar,
Quer ser par
Vende-se fácil
Sangra infeliz
E sonha Londres
Pensa Paris
E reza santa
Faz meretriz

Fome de puta
Degusta luta
Em seu desleixe
Come seu peixe
E diz caviar

Para e dispara
Olha no espelho
Não quer sertão
Não pede conselho
Renega o seu mar

Quer ser gigante
Quer ser favela
Fortaleza bela
Só quer inchar

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Não vou cantar só

Tem muita gente
Querendo me dar pitaco
Mandando ser puxa-saco
No meu canto e na canção
Cheio de marra
Desafina meu cavaco
Querendo cantar sozinho
E repetindo seu refrão

Eu canto é junto,
Canta eu e canta tu
Canta vermelho e azul,
Fortalecendo o gogó
Cantando nós,
Num coral de norte a sul
Expulsando os urubus
Do terreiro do forró

Ninguém me obriga,
Canto choro, canto riso
No coco ligeiro e liso
Pois cantar me faz melhor
Pois canto assim
Pra assentar o chão que piso
Canto até de improviso
Mas eu não vou cantar só

Mas eu não vou cantar só
Não não, mas eu não vou cantar só

Vou cantar samba,
Cantar rock, cantar reggae
Vá pro diabo que o carregue
Vou cantar o que eu quiser
Eu canto mangue,
Canto povo, canto plebe
De cantar nada me impede
E assim que vai dar pé


Ninguém me cala,
Nem a rádio, gravadora
Nem jabá, nem emissora
De TV que é pior
Pois não aceito
A palavra ditadora
Seja na bossa ou no rap,
Hoje não vou cantar só

Mas eu não vou cantar só
Não não, mas eu não vou cantar só


* Sem ser músico e sem ter noção de nada gravei aqui no microfone da cam do computador, cantando e batendo nas mãos (hahahahaha) já que não cifrei, nem nada.. Se tiver coragem de conferir, eis aqui http://www.4shared.com/audio/CTdZXg2H/No_vou_cantar_s.html?

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Equação irracional

E o ateu
Viu deus
Chamando
à toa
A Chama
ao teu
triste apogeu:

Bento XVI, calibre 12, PL 122
Algarismos romanos, cardinais, ordinários 
Algo arisco e profano, carnal, desordenado


Maldito 2011
Com tantos números insanos
No divino e desumano 

Na equação da barbárie
Qual o valor de X?

terça-feira, 19 de julho de 2011

Quanto custa?




Naquela prateleira
Os livros tem poesias
As poesias tem sentimentos
E aqueles sentimentos... quanto custam?


Quanto vale a poesia?
Tem desconto, quando à vista?
Tem vantagens quando à prazo?
Sem entrada e sem juros
Sem saída e sem seguro
Congelada, conservada,
Requentada pro jantar
E o prazo de validade
Custa muito pra estragar?


Quanto custa a poesia
Que não tem valor de troca?
Que só serve para o papel
Que vira embrulho de pão
E vai pro lixo depois


Como saber quanto custa
Os sentimentos à granel?
Promovidos no mercado
Líquidos, tão liquidados, 
Todos em liquidação


Quanto custam as palavras?
Sua mente e seu coração?
Não há lucro, não há custo
E como custa perceber
Que ela não pode ter preço
Que a poesia tem valor

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Canto Concreto
Pardal engole a pedra
Foda-se métrica

TCC

Um mês
Sem versos
E alegria

Sentia o peso
Do medo
 Monotonia

Enquanto ela
Sozinha
Se repetia

Mono
Mono
Mono
Grafia