segunda-feira, 30 de abril de 2012

Finito


Odeio o ponto
Odeio aquilo que me encanta
E é o humano

Odeio aquilo que desaba
Que acaba
É leviano

Odeio o verso
Odeio aquilo que seduz
Que é cruz
E é profano

Odeio o que é belo
E vai embora
Odeio o que é rima
E chora

Odeio aquilo que me excita
E me despreza
A qualquer hora

Odeio aquilo que reza
Que preza
Não  por mim
Mas por Nossa (Senhora)

Odeio aquilo que é humano
E berra
E erra
E é demais

Odeio aquilo que é humano
Que é fulano
E se desfaz

Odeio aquilo que é humano
mas é divino
Odeio primeiro
e primo
o tiro
certeiro
do todo
da parte
daquilo
que chora
que vem
que vai
embora
na arte

Sim
Odeio não
Odeio aquilo que é humano
Que é engano
Que é assim

Sim
Odeio o ponto
O pronto
A base
A frase
O fim

Wescley

terça-feira, 24 de abril de 2012

Trabalho


Penso em versos
Fantasio 
Quase crio

Quase
um rio
de palavras
Se derrama 
em alvoroço

Mas não:
Fim do horário de almoço

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Quarta-feira

Restam cinzas e lembranças
Desses dias que vivi

Pro pecado fui afoite
Fui lua daquela noite
Fui pesadelo e açoite
Que sofri e que sorri 

Fantasiei-me de espelho
Fui saudade da minha rua
Fui a minha carne crua
Pronta pra queimar ao sol

Fui um peixe no anzol
E isca da alegria
E dose de nostalgia 
Jogador de Futebol

Fui palhaço e feiticeiro
Fui um gole de cerveja
Fui um bolo de cereja
Que sozinho engoli 

Restam cinzas e lembranças
Desses dias que vivi

Fui a cozinha do medo
Fui o tempero da vida
Adocei minha ferida
Na panela do segredo

Para os sonhos fiz a massa
Com as mãos do sentimento
Das dores fiz o fermento
Da força fiz minha graça

Esquentei-me com o abraço
E servir-me de ilusões
Fiz piada de sermões
E jantei o meu compasso

Fui a canção que ouvi
Fui teatro abandonado
Fui verso despedaçado
No poema que escrevi

Restou cinzas e lembranças
Desses dias que vivi

Wescley

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Fértil-mente

Minha abeça não para
Dispara
E não me deixa viver

Minha cabeça é gelada
Minha cabeça vê

O espetáculo
O obstáculo 
Teatro menino
Onde o tino e o destino
Se atracam em desatino


E em vão
Se atracam
Buscando abraçar 
O meu mundo com as mãos

Assisto
Na minha cabeça eu crio
Enquanto tremo de medo
e frio


Á fio
No teatro de minha cabeça
Nesse ato pequenino
Suvino
Eles (tino e destino)
Estrebucham
E murcham

Alucinam tentativas
Onde sonho e pesadelo
Fotografia e espelho
Problema e solução
se abraçam (também) 
em vão
(Não!)

Se agarram
Passeiam pelo vagão
No trem de uma estação
Das flores
das dores
Outono ou
Verão

E vocês verão
Tanto  o tino 
como o destino 
Sofrem
Em minha cabeça
Que (agora) voa
Numa boa

E eu no meio deles
Daquele tino tão sujo
E do destino confuso
Fujo

Vou, mas volto
Antes do inverno chegar