domingo, 20 de fevereiro de 2011

TDAH

Rita
Aflita
Me faz uma visita
   




sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O Soldo

O salário é mínimo
Bem menor do que a revolta
Do que a fome
Do que a falta

Pequeno demais
Impossível de enxergar
De ver nele satisfação
De notá-lo no bolso
Ou nos calos das mãos

Mínima também é a dignidade
Menor que o salário
Que minimiza o espirito
Minimiza a vida

Diminui a Poesia
 Wescley P.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O Bar do Escritor

O que me fez adentrar naquele lugar foi uma música, quase um ruído indecifrável, mas que eu tinha certeza conhecer. Não havia fachada, nem convite, muito menos um cardápio  com o prato do dia escrito em uma lousa .

O espaço não era grande, seu ar pesado me fez lembrar de mim mesmo. As cadeiras desorganizadas e o movimento, quase um desfile, do único garçom, que não deixava o balconista ler cinco minutos sequer de seu jornal, foi o que mais me chamou atenção inicialmente.

A iluminação precária escurecia ainda mais o local repleto de uma arquitetura comum e triste, uma decoração quase transparente e um piso encardido com manchas sabe -se lá de quê.

Não estava lotado, mas todas as mesas pareciam ocupadas, todas com uma só pessoa. Caminhei por entre elas e encontrei uma única mesa vazia na parede oposta, ao lado do banheiro masculino, nela estava escrito “reservado”, sentei.

Enquanto aguardava ser atendido ouvia aquele ruído e observava os homens barbudos, silenciosos e tão idênticos nas mesas próximas a mim. Suas expressões eram inócuas, não se podia adjetivá-las, nada havia que mostrasse vigor ou cansaço, dor ou euforia, nada. A única coisa que pude notar é que eles pareciam com o balconista. 

Eu os olhava querendo saber o que eles consumiam. Não sei que tipo de bebida essa gente bebe, mas assim como eu tinha certeza que conhecia aquela música, acreditava também que eu desejava uma bebida igual.

O ruído permanecia, vi que ele saia de uma velha vitrola lá dos fundos do bar, uma cozinha talvez, não havia ninguém lá. Alguns minutos de espera e o garçom, percebendo que o balconista tinha voltado a ler seu jornal, resolve se aproximar de mim.

Não me olha, retira uma flanela do bolso e passeia sua mão pela mesa, massageando-a sem nada limpar. Acena com a cabeça e eu quase silenciosamente digo: “um drink, por favor”. Sem hesitar, ele responde: - “Só temos prosa, daquelas bem amargas... é o que tem pra hoje”.

Wescley P.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Prateleira de Almas

Prateleira de Almas
Dita dura do com sumo
Dita com
Dita sumo
E somo
E Dura
E dara
E com
E cem
E sem
Sumo.

Superfacial

 
Parecia
Pare cia
Par & CIA

Perecia
Wescley P.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Análise (micro conto)


A psicóloga disse para que eu me aceitasse e buscasse desapegar das coisas materiais.
Em seguida cobrou-me centro e vinte reais pela sessão.

Curei-me.

Wescley P.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Manifesto


Não há canto
Para tanto
desencanto


Nem conto
Para esses
 desencontros...

E ponto.
Wescley Pinheiro

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Belo Monte

Belo monte de mentiras
Monte de destruição
Belo castelo de areia
E devastação

Monte-se em belos boatos
E os fatos amontoarão
Por debaixo do mato,
Cada vez mais cabisbaixo
No monte, que não é morro, nem mato

Mate o mato, belo monte
Deixe o morro desabar
Erre de novo e povo
Matará ao se matar

Wescley P.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Migalhas

Há maços
Devassos
E os traços
Espalham

Há braços
Nos laços
De aço
Que malham

Em baço
Perfaço
Pedaços
Retalham

Wescley P.