quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Festa



Bebamos nesse beco sem saída
Matemos-nos nesse mato sem cachorro
Dancemos no baile dos delatores
Molhemo-nos nessa chuva de mordaça
Na tempestade do tempo
Na banheira da bobagem
Ou no mar do ostracismo
Do cotidiano caos

Que as lágrimas escorram sempre
Pelas barbas da barbárie
Para alegrar o poder
A arma das amarguras
A bala dos bajuladores
Com seus prefácios e preces
Com o seu morno mormaço
À mercê dos mercenários
Para quem somos moedas
Somos gozo e somos prato
No banquete bactério
Pois hoje é dia de festa

E tudo em mim é descrença
Na farra dos urubus

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Escravo




No pó da poesia fico
Quando atrevo, quando travo
Quando resto, quando rastro

Petrifico meu escrito
Ora em sorte, ora em Sartre
Ora em morte, ora em Marte
No só da poesia grito

No nó da poesia minto
Às vezes penso, às vezes passo
Quando não nesse, quando não nasço
No Jó da poesia cisco

No nó da poesia fito
De algumas gosto, de outras gasto
Algumas eu posto, tem outras que pasto
E piso o peso do meu peito vasto

De vez em quando escrevo
De quando em vez escravo

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Sentidos


Aquela vontade de mudar de rumo
De mudar o prumo
Sem saber aonde chegar

Aquela vontade, aquele desejo
O desassossego
Dos que ainda teimam sonhar

Aquela aquarela vibrando na tela
Fantasia bela
Beleza na mente
Imagem que a gente
Sente com o ouvido
Ouve no sentido
Sonha com o som

Tipo aquelas músicas
Que a gente escuta
Fica triste
E acha bom

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Pódio



O Cândido ódio
Do Cântico cálido
No Pálido pódio
O Código plástico

Por puro episódio
O cedro acrobático
Curvou-se aos goles
Nos pastos de certos
Tão Sumos proféticos
De Cismas punidas
E Pura cantigas
Que catam à polis
De Proles antigas
Que fodem e fodem
Em páreas fadigas
E em fúrias nutridas
Fuzilam e morrem