quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Contracorrente

Ela e ela
Ele e ele
Laço e elo

Corre rente
Rua, relo
Violeta
Violento
Foice e martelo

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Decepção

​Reneguei o bom-mocismo
Fragilizei a imagem do anti-herói
Desconcertei a expectativa do prodígio
Decepcionei os ruídos sobre a genialidade
Sobrou-me humano
Tenso
Quebradiço
Autêntico

Ao menos
Tento

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Tato

À flor do pelo
Ao por do prelo 
Apelo ao gelo
Pele, polo, pulo
Surra, sola, selo
Cela, sê-lo
Selo

Penitência

Que hora são?
Aponta o ponteiro
E aquele ponto 
De interrogação 
Bate o ponto 
E o desespero 
Carrega a cruz 
Os pregos e o cheiro 
De sua missão 

Reza o terço 
Não ganha um quarto 
Quando não farto 
Quebra o martelo
Motor e chinelos 
A fé e as marchas 
E sem calmaria 
Reza a desgraça 

Ave maria! 
Cheio de graxa... 

Espertina

Uma hora e cinquenta e seis minutos 
Os números por extenso 
Atravessam em claro 
A madrugada 
Escura 

terça-feira, 5 de setembro de 2017

A marca

Tudo que é só 
Lido 
Dez manchas 
Noir 

domingo, 3 de setembro de 2017

Dívida

Com as penas de Ícaro
Colori de vermelho
E maculei o papel
Com a flecha de Aquiles
Marquei meus passos e versos
Com as gotas que escorreram
No chão que rastejaria
Com a amiga de Eva
Arranquei peles das estrofes
Conheci as dores e os aromas
E saldei minhas angustias

Nem sempre cobra é serpente
Tem dias que é verbo
Dormente

Abril

Mastigando saudades
Sorrindo passados
Ouvindo Terral
Saudando o novo
Passando risadas
Aterrando sons

Longe de tudo
Navega o sertão
E plantam-se mares
Em meus ouvidos

No céu da boca
A sede que canta
Um silêncio cortante
E a dura certeza
De que as velas do Mucuripe
Não vão sair para pescar

Relativo

Lasco o tempo
Com o machado do espaço
Veloz e afiado
Arremato horas
Transformo em minutos
E polvilho meu quarto
De lembranças
E futuros

Trajeto

No meio-fio
Tudo fica
Até as pegadas
Dos passantes

Na estrada
Tudo passa
Menos o chão
E a poeira
Do que é breve

Clínica

O doido beato
Varrido
Ferrado
Não rasga dinheiro
Abençoado

O louco gaiato
Mole
Amolecado
Não bebe o gás
Pois é arriscado

O maluco da rua
Que o olho dilata
Delata e flutua
Mas não joga a pedra
Na lua

sábado, 2 de setembro de 2017

Banal

Não enxergando saídas
Só viam paredes
Naquele deserto

Sem condições de mergulho
Chamaram de onda
O oceano

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Cultivo

Ases do mundo
Rosas com asas
Raízes rasas
No chão fecundo

Versos curtos
Aos sentimentos
Profundos

Fagulha

A casca
O casco
O oco
O álcool
A fama
O fumo
A soma
O sumo
O fogo
A fuga
O afago
O jorro
A zorra
O jarro
A fada
Afunda
A foda

Goza
Agoniza
Um brasa
Outro brisa