Queria a sabedoria do poeta
pantaneiro
De beijar miudezas, de laçar pedaços
Sufoco-me no peso do tudo
Abraço o mundo e tropeço em meu
quintal
Tenho apego pelas grandes coisas
Pelas grandes causas, por léguas de
caminhadas
Afogo-me no horizonte não por
vocação,
Muitos menos por vaidade,
Talvez, por desespero
Queria a tranquilidade do agora
Mas me embriago na História
Sufoco-me no amanhã e sumo
Capaz de enfrentar multidões
Incapaz de conversar com um
desconhecido
Corajoso para mudar o mundo
Tremendo de medo do cotidiano
Feroz contra grandes questões
Caindo de cara nas trivialidades
Forte para dizer “eu te amo”
Reticente no “bom dia” automático
Herói na fileira das lutas,
Anti-heroi na fila do pão
Sempre tanto, sempre quanto,
Sempre muito, muito sempre
Muita raiz, muita semente
A vida pesa como um grande poema de
uma só estrofe
E a força para carregá-la é tão
grande
E a força para escrevê-lo é tao dura
Tanto e quanto a frigidez do
dia-a-dia
E por isso a poesia
E por isso a ousadia
De pelo menos aqui
Ser menos
Ser pouco
E exigir somente ser
Quando o mundo não é o meu quarto
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