Estava angustiado e febril. Cansada de engolir em seco, sua
garganta latejava como se quisesse vingança de todas as vezes que fora obrigada
a relutar.
A náusea e a vertigem o animavam de forma contraditória. Era
como se o fizesse lembrar que estava vivo e o obrigasse a expulsar de si aquilo
que sempre foi. Agora, indubitavelmente, teria que materializar o caos.
Porque escrevia tão mal nunca entendeu. Sempre achou que
escrever tinha algo diretamente relacionado com a dor que perfura o coração dos
poetas. Ele tinha a dor não o talento. Mesmo assim fantasiou algum potencial
devido à urgência da ocasião. As palavras vinham como coceira, eram
inevitáveis, prazerosas, dolorosas, doentias.
O momento lhe pedia a realidade, mas ela se apresentava
caleidoscópica, parabólica. Hesitou por um instante e vomitou por seus dedos os
medos e as fantasias que se espalhavam cuidadosamente em doses homeopáticas,
num receio psicótico, como se alguém o observasse.
Estava angustiado e febril. De alguma maneira isso o
inspirava.
Olha..adorei o conto....acho q sou eu:P "Porque escrevia tão mal nunca entendeu. Sempre achou que escrever tinha haver com a dor que perfura o coração dos poetas. Tinha a dor, não o talento"
ResponderExcluirQue bom que gostou Raquel! Bom, esse especialmente pensei em mim mesmo, hehehe
ResponderExcluirTalvez sejamos todos nós que fazemos parte da Coalizão dos blogueiros de poucos leitores, hahaha
Obrigado pela visita!!! Há Braços!!!