segunda-feira, 3 de junho de 2013

Composição

Aperta o peito
Esse pavor inominável
Embora já o tenha classificado como pavor

É um sufoco fluido e inconstante
Percorre friamente o interior de meu corpo
Se espalhando para as periferias
Até ultrapassar a epiderme
E propor à minha áurea
Um acordo entre esse medo incomum
E o vento suave que toca minha pele 

Agora sou o teatro,
Sou palco, sou público
Assisto e choro
Enquanto ambos aceitam a dança
E mergulham numa valsa mordaz
O medo e a brisa bailam por sobre mim,
Correm da cabeça aos pés
Cantarolando desânimo e insônia,
Rodopiando pesadelos em passos descompassados
(Ainda que belos)
Como num número improvisado
Artisticamente voraz
Um espetáculo que não assisto estático
Que me coloca em desacordo
Onde retorço minhas pernas
Encolho meus braços
Arregalo os olhos
E grito para depois calar.

O ritmo vai perdendo fôlego
Ao passear em meu corpo
E volta resignado ao meu peito.

É hora de nova música
De uma melodia que ajude a ampliar
O espaço
Que silencie esse aperto inominável
Embora eu já o tenha classificado de pavor.

Que fechem as cortinas, por favor.

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