Não estou falando de sangue
De algo naturalizado
Nem de DNA, nem de tradições
Nem de preces e sermões
Falo de nós
Falo dos elos
Singelos
Apertados em calmaria
Nos desejos paralelos
Em tristezas e alegrias
Não falo da nostalgia
Falo dos sonhos roubados
Dos pecados perdoados
Falo dos aprendizados
Do eterno construir
Sim, falo do passado
Do presente (e do ausente)
Falo do devir
Falo dos nós
No cordão do inesperado
Dos desafios lançados
Do olho do furacão
Do alicerce testado
Firmando-se em decisão
Falo dessa compaixão
De algo maior que o sangue
Muito mais que sobrenome
Falo do que somos: Nós
Somos juntos e somos sós
Nós
Difíceis de desatar
Tão distintos e tão únicos
Mas com a capacidade de ser
De sermos
Juntos
De sermos muitos
Entrelaçados e abraçados
Sempre atentos, em vigília
Diferentes entre si
E ainda uma Família
Para meus pais Beto e Lídia e meu irmão Pacato